Monday, April 7, 2014

Mais um triste episódio....

Mais um de muitos Casos da aplicação cega da Lei. Uma vergonha sem comentários.

Segue artigo conforme JN.

Link no fim do artigo

Há 2 anos um milhafre-real foi apreendido pela GNR a José Ferreira, que não tinha licença para o ter numa gaiola, aberta. Pintadinhas vive agora fechado e quem tratou dele tem 20 mil euros para pagar.

Dali "Pintadinhas" não bateu asas. Dali, da casa de José Ferreira e da mulher, Rosa, em Póvoa de Mosqueiros, Santa Comba Dão. O casal hoje com 82 anos, deu, há 20, com uma ave caída no quintal. Tratou-lhe da ferida na asa direita, indiferente à espécie.

Pintadinhas é um milhafre-real (fêmea), em vias de extinção, protegido por lei. O casal acautelou-a dos cães, abrigando-o numa gaiola esburacada, com a porta aberta para poder sair. Mas o milhafre ali ficou 20 anos, alimentado a peixe e carne crus e ovos cozidos. Voar não era com ele. "Tentámos que voasse, mas nunca o fez", conta José, acamado, tal como a mulher. Rosa chora, apegada à ave que batizou.

José, com reforma de 250 euros, que mal chega para os medicamentos, está inquieto com a multa. "Que me levem a mim. Eu não pago", atira entre os lençóis. É que há dois anos a GNR recebeu uma denúncia e foi lá a casa.

Idoso multado em 20 mil euros por ter milhafre
Gaiola onde a ave se encontra fechada há dois anos

Confirma o oficial de Relações Públicas da GNR de Viseu, tenente-coronel José Machado, que a ave estava numa gaiola "com a porta aberta" e que "só não voou porque não quis". Mas o auto teve de ser passado por José não ter licença para deter a ave que foi apreendida. "A lei determina que estes animais, não tendo autorização, não podem estar em qualquer local ou em qualquer habitação ", esclarece o oficial. Desde a data do auto, (13 de janeiro de 2012), o milhafre só mudou de uma gaiola aberta para outra fechada, na casa ao lado, onde mora a filha do casal, Luísa Antunes.

"Apreenderam a ave, mas não a puderam levar porque não tinham sítio para a deixar. Como estava habituada a ser tratada por nós, não iria ambientar-se e poderia morrer", explica Luísa, nomeada fiel depositária. "Há poucos locais para manter estes animais", reconhece o tenente-coronel José Machado. A nomeação de um fiel depositário é obrigatória até que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) aplique a coima e decida o futuro da ave.

O que vai acontecer ao milhafre não se sabe, mas a cobrança dos 20 mil euros chegou ao casal há menos de um mês. "É inexplicável. Se o meu pai lá tivesse o animal para benefício, para vender ou para fazer espetáculos, até compreendia", atira Luísa, indignada. "Qualquer dia apresentam-me uma multa por ter a ave fechada. É que se o roubarem ou lhe fizerem mal, eu é que sou a responsável", afirma.

A multa foi contestada junto do ICNF, pelo advogado João Gama que alega que a ave não esteve detida, mas que só não pode voar, por uma "lesão antiga", atestada num relatório veterinário.v

Contraordenação muito grave

O ICNF argumenta que José Ferreira cometeu uma contraordenação muito grave, punida com uma coima de 20 mil euros, ao deter, sem autorização, o milhafre-real, inscrito na Convenção sobre Comércio Internacional das Espécie da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção. O arguido é acusado de também ter violado Convenção de Proteção da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais (Convenção BERNA), punível com 249,39 euros.


Encaminhamento

É à GNR que compete levantar os autos a quem detém aves protegidas. Se a ave estiver débil, antes de ser libertada, é encaminhada (no caso do distrito de Viseu) para o CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens de Gouveia) ou para o Centro de Recuperação de Animais Selvagens da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) em Vila Real.

Em caso de falta de documentação, a ave é apreendida, nomeado um fiel depositário e elaborada uma contraordenação, posteriormente enviada para o ICNF que aplica a coima e decide o seu destino.





Artigo no JN

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